A produção japonesa Drive My Car levou a estatueta de Melhor Filme Internacional na cerimônia do Oscar, que aconteceu na noite de ontem (27).
Assim, o filme do diretor Ryusuke Hamaguchi torna-se o quinto do país a conquistar a estatueta, sendo o prêmio anterior de Departures, em 2008.
Em discurso curto e cortado pela direção de som, que tocou a música como um sinal para o diretor sair do palco, Hamaguchi permaneceu e agradeceu os distribuidores do filme, produção e elenco:
(Agredeço) especialmente à Toko Miura, que dirigiu tão lindamente o Saab 900 no filme.
Também vencedor de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Golden Globe e na British Academy of Film and Television Arts, na ocasião, o diretor expressou que se sente honrado que seu filme tenha cruzado fronteiras e barreiras linguísticas.
Ademais, a produção de Hamaguchi foi co-escrita com Takamasa Oe e traz um elenco de atores falando em vários idiomas, como inglês, chinês, coreano, língua de sinais coreana e tagalog.
Assim, além do diretor de Drive My Car, compareceram à cerimônia do Oscar a atriz Reika Kirishima e os atores Hidetoshi Nishijima e Masaki Okada.
Lançado em 2020 no Japão, A Mulher de um Espião ganhou o prêmio Leão de Prata de Melhor Diretor no Festival de Veneza. Premiado e bem-recebido em vários festivais, o longa de Kiyoshi Kurosawa estreia nos cinemas nacionais no dia 31 de março. Sua pré-estreia aberta ao público ocorreu hoje (25) e se repetirá amanhã (26 de março), às 20h no CineSesc, em São Paulo.
Confira trailer (em inglês):
Confiança é o tema de A Mulher de um Espião
A história se passa em Kobe, Japão, em 1940, período que antecede a Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto, os protagonistas da história são Yusako e sua esposa Satoko. E como o título sugere, o enfoque maior é em Satoko, interpretada por Yu Aoi.
Vivendo o papel de uma esposa modelo, Satoko é apaixonada e devota ao marido.
Yusako (interpretado por Issei Takahashi) é um homem rico que trabalha em contato com vários estrangeiros. Assim, vê seu trabalho impactado negativamente quando o Japão assina o Pacto Tripartite, isso porque o Japão tratava com suspeita os estrangeiros que não fossem do Eixo.
Um dia, Yusako e seu sobrinho Fumio (interpretado por Ryota Bando) viajam para a Manchúria e ao retornarem, algo mudou. Ainda que Satoko tente fazer parte dessa mudança se entregando totalmente ao marido, ele exige dela um posicionamento: confiar nele e manter as coisas como estão ou ficar insistindo em um conversa sem sentido. Novamente devota, a esposa decide confiar no marido, ou pelo menos, é o que ela diz.
E esse é um dos pontos fortes da produção de Kurosawa, que soube trabalhar a questão da manipulação, confiança, justiça e fidelidade.
Um drama psicológico
Ao se sentir excluída do segredo do marido, Satoko busca a verdade e ela mesma chega a trair Yusako para poder tê-lo ao seu lado. Ao descobrir o motivo da mudança do marido, seus planos e seu senso de justiça, a heroína deixa de ser a mulher que obedece e age para provar seu valor e amor. Assim, ainda que estrague parcialmente os planos do marido, consegue ser vista por ele como alguém que o ama de verdade.
Eventualmente, Satoko consegue o que quer: a promessa de que Yusako e ela ficarão juntos. Mas será que ele realmente confia nela? Será que tudo o que ele diz é verdade?
O personagem de Yusako foi construído de forma que apesar de seu tom e palavras soarem verdadeiras, há algo sutil que também traz a desconfiança.
Justamente por isso, A Mulher de um Espião é uma excelente obra, mesmo com algumas passagens previsíveis, Yusako ainda é um quebra cabeça indecifrável para Satoko. E ela, apesar de tudo, parece não perder a adoração pelo marido.
Impressões sobre A Mulher de um Espião
Assistindo ao filme, vê-se que o conceito de “espião” usado pelo filme é diferente do espião das produções de Hollywood, o que não decepciona, mas faz refletir sobre questões de patriotismo, defesa daquilo que é nacional e o que é certo para o “eu” e para o coletivo.
Ademais, apesar de todo o mistério sobre o que fez Yusako mudar, se ele é ou não um espião e como ele vai revelar o “segredo”, a história é menos sobre a informação que ele quer trazer ao mundo e mais sobre o jogo psicológico entre o casal.
Ainda que a produção não agrade a todos, ela traz uma abordagem diferente da maioria dos filmes que se passa durante a Segunda Guerra, tocando na questão ainda tabu dos atos do exército japonês na Guerra Sino-Japonesa, e assim, um japonês que se opõem ao Japão e uma mulher que se sujeita ao seu pior pesadelo por seu marido.
Satoko é uma personagem simples e complexa ao mesmo tempo: simples porque quer somente uma coisa, mas complexa porque mostra que por trás de sua aparência inocente, há uma mulher sabe que é benquista por outro homem, sabe agir para ser vista pelo marido, se deixou ser taxada de louca, e é, de certo modo, obsessiva. Mesmo com sua complexidade, não conseguiu acompanhar o marido, cujo personagem foi cercado de mistério até o fim.
Mais informações
A Mulher de um Espião é o primeiro filme de época do diretor Kurosawa. A produção foi co-escrita por Tadashi Nohara e Ryusuke Hamaguchi, indicado ao Oscar por Drive My Car.
Os fãs do diretor Ryusuke Hamaguchi (responsável por Drive My Car e indicado ao Oscar 2022 por ele) podem comemorar. AsakoI & II (Netemo Sametemo) chegou ao streaming MUBI.
O filme conta a história de Asako, uma mulher de 21 anos que mora em Osaka, que se apaixona por Baku, um homem sem amarras e que desaparece de sua vida. Dois anos mais tarde, Asako está morando em Tóquio e conhece Ryohei, um homem muito parecido com Baku em aparência mas o oposto em personalidade, e se apaixona por ele.
O filme é baseado na obra de Tomoka Shibasaki e tem sua trilha sonora assinada pelo produtor Tofubeats. No elenco, temos Masahiro Higashide no papel de Baku/Ryohei e Erika Karata como Asako.
Asako esteve em exibição nos cinemas do Brasil em dezembro de 2018.
Fonte (1), (2) Imagens: reprodução Não retirar sem os devidos créditos.
Os indicados ao Oscar 2022 foram anunciados e Drive My Car é oficialmente um dos candidatos à estatueta de Melhor Filme.
A adaptação da obra de Haruki Murakami também concorrerá em mais três categorias: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Filme Internacional e Melhor Diretor.
A indicação ao prêmio de Melhor Filme é uma novidade para o cinema japonês, assim como a briga pelo título de Melhor Roteiro Adaptado. Porém, o Japão já foi representado em 16 edições na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Rashomon (1950), Portal do Inferno (1953), O Samurai Dominante 1: Musashi Miyamoto (1954) e A Partida (2008) ganharam o prêmio nos anos em que concorreram. Vale lembrar que os prêmios dados durante a década de 50 eram honorários, já que a categoria não existia ainda.
Drive My Car traz Hidetoshi Nishijima como um diretor de teatro que mergulha em uma produção difícil após a morte de sua esposa. Ele também traz Toko Miura no papel da motorista contratada para acompanhar o diretor. Drive My Car nos apresenta o desenvolvimento da relação entre os dois, que descobrem ter mais em comum do que imaginavam.
As indicações ao Oscar 2022 não chegam a ser surpresa já que Drive My Car também foi indicado em outras grandes premiações como BAFTA, Critics Choice e o Globo de Ouro.
O diretor do filme, Ryusuke Hamaguchi, ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim de 2021 por Roda do Destino.
O filme japonês não tem previsão de estreia no Brasil.
Fonte (1), (2) Imagens: reprodução Não retirar sem os devidos créditos.
A revista coreana de cinema FILO compartilhou os filmes favoritos do diretor de Parasita e Okja, Bong Joon-ho, em 2021. E Drive My Car, de Ryusuke Hamaguchi está em segundo lugar na lista. Confira:
Don’t Look Up (Não Olhe Para Cima)
Drive My Car
Flee
Sundown
Sorry We Missed You (Você Não Estava Aqui)
The Mitchells vs. The Machines (A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas)
Happening/L’événement (O Acontecimento)
Sewing Sisters
Além disso, ele citou o filme Happy Hour de Hamaguchi como um dos melhores que viu no ano passado, ainda que o filme tenha sido lançado no Japão em 2015.
Fontes: (1), (2). Fonte imagens: Bong Joon-ho: Getty Images – reprodução; Drive My Car: C&I Entertainment, Culture Entertainment e Bitters End – divulgação. Não retirar sem os devidos créditos.
O Kinema Junpo, revista mais antiga no Japão sobre cinema, realizou a 95ª edição do Kinema Junpo Awards, premiando Drive My Car em cinco categorias:
Kinema Junpo Best Ten Award, ranqueando em primeiro lugar
Prêmio do Sindicato dos Diretores do Japão: Ryusuke Hamaguchi, diretor de Drive My Car e Roda do Destino
Melhor Roteiro de Filme Japonês: Ryusuke Hamaguchi e Takamasa Oe
Melhor Atriz Coadjuvante: Toko Miura em Drive My Car e Spaghetti Code Love
Prêmio de Diretor de Cinema do Japão – selecionado por leitores: Ryusuke Hamaguchi
Drive My Car é um filme baseado no conto homônimo de Haruki Murakami na coletânea Homens Sem Mulheres. Na adaptação, Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima) é um homem de luto que perdeu repentinamente sua esposa.
Assim, ele aceita o desafio de dirigir uma peça de teatro em Hiroshima e conta com a ajuda da motorista Misaki Watari (Toko Miura), que dirige seu carro, um Saab 900.
Drive My Car é considerado um dos melhores filmes de 2021 eganhou três prêmios no Festival de Cannes. Além disso, está indicado em três categorias do BAFTA Awards, incluindo Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor e Melhor Filme em Língua Estrangeira.
Fontes: (1), (2). Fonte imagens: C&I Entertainment, Culture Entertainment e Bitters End – divulgação. Não retirar sem os devidos créditos.
Roda do Destino, do diretor Ryusuke Hamaguchi, ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Berlim 2021 e pode ser assistido em cinemas de São Paulo (SP), Curitiba (PR), Aracaju (SE), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG) e Recife (PE).
Roda do Destino mostra três histórias com eventos aleatórios, mal-entendidos, ciúmes, vingança, inveja e sedução. Na primeira história, duas amigas têm a amizade enfraquecida após descobrirem um homem em comum em suas vidas. Na segunda história, um estudante busca se vingar de seu professor de literatura, e a última é sobre um reencontro entre duas mulheres (ou seria apenas um encontro?).
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